quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mauricio Dias: "FHC tira a máscara".

Em tempos onde a oposição encontra-se em frangalhos, rachando-se em novos e velhos partidos; em tempos onde o principal nome tucano(Aécio Neves), apontado assim por grande parte dos oposicionistas para a próxima disputa presidencial, se encontra enrolado com BAFÔMETRO; em tempos onde a extrema direita revela toda sua intolerância, racismo, e preconceito, através do deputado Jair Bolsonaro; foi nesse momento que FHC resoloveu tirar a máscara, não somente dele, mas, de toda uma classe, que nas últimas eleições tentou enganar o povo brasileiro através de uma suposta "igualdade de projetos", quando na verdade primam apenas pelos interesses das classes dominantes e deixam a luta por igualdade de lado; enfim, felizmente falharam, e agora a máscara é retirada, espero que definitivamente, uma fez que o líder tucano assume o caráter anti-popular, a serviço de uma elite acomodada e soberba. Que não nos deixemos mais cair no embuste da "social-democracia" psdbista. Vejamos abaixo um interessante artigo de Maurício Dias.


por Mauricio Dias, em CartaCapital

“Ele é um presidente definido por lei que está fazendo o que o país dominante quer que ele faça”
Avaliação do governo de FHC feita por Raymundo Faoro, em 15/5/2002

Finalmente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, suposto arauto da social-democracia brasileira, entrou no trilho adequado. Foi preciso mais de oitos anos, além de três fracassos eleitorais sucessivos na disputa presidencial, para que ele jogasse fora a máscara da social-democracia e assumisse o papel de expressão política da classe média. O sociólogo faz isso agora, na condição de presidente de honra dos tucanos.

“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT a influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, sentencia FHC em artigo escrito para a nova edição da revista Interesse Nacional, que começou a circular na quinta-feira 14.

Nada de mal. É bom para o País que o rio corra no seu leito natural. Nada de mais. A minoria precisa de alguém que defenda seus valores. O ex-presidente finca a bandeira nesse espaço ou, pelo menos, tenta. Pela primeira vez se apresenta como porta-voz dessa camada social e se apressa a dar receita eleitoral para os candidatos da oposição.

“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesse dessas camadas.”

Quem compõe essas camadas da sociedade brasileira? A nomenclatura sociológica se embaralha nesse ponto. A classe média é difusa mesmo a partir da base da pirâmide social. Os milhões tirados da marginalidade ao longo do governo Lula – em torno de 20 milhões – foram batizados de integrantes da classe média “E”, embora uma classe social não se consolide somente a partir do salário.
O ex-presidente faz uma leitura muito particular da eleição de 2010. Ele acredita que o resultado traduz essa visão polarizada: Dilma 56,5% dos votos contra 43,95% de Serra.

O sociólogo, já de olho na competição presidencial de 2014, vê as coisas com a lente descalibrada do político oposicionista. Sem ameaça de ser vitimada pelo preconceito da classe média bem aquinhoada, como acontece com Lula, a presidenta Dilma tem chances de transitar melhor nessa faixa do eleitorado. Exatamente o contingente preferencial do governo de FHC.

Ainda em 2002, poucos meses antes da eleição de Lula, diante da pergunta se achava que o governo tucano fora feito para somente 30 milhões, o jurista e historiador Raymundo Faoro lançou uma dúvida: “Tanto assim?”. E argumentou: “O país que lê jornal… quantos são? E o país que lê livros? Não há sequer mercado para sustentar a cultura”.

FHC tornou-se um ícone do país privilegiado: “É isso que sobrou”, disse Faoro.

Foi o que restou também do PSDB, que nunca teve vínculos com os sindicatos brasileiros e com os movimentos sociais. Vínculos que, em essência, definem historicamente a natureza dos partidos social-democratas. Uma aliança que os tucanos nunca buscaram.

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