sábado, 12 de fevereiro de 2011

Povo, internet e poder

Povo, internet e poder

Já se disse que o poder do povo é uma onda, que surge como marola, cresce, adquire força e torna-se, ao menos pode se tornar, devastadora, muitas vezes de forma incontrolável.

O exemplo do Egito é emblemático, assim como o foi anos atrás a ocupação da Praça da Paz Celestial, em Pequim, com uma diferença básica: no caso da terra dos faraós, os militares e seus tanques e canhões ficaram ao lado do povo, se não de maneira explícita, concretamente ao não aniquilarem os manifestantes.

As origens e o desfecho da revolta egípcia são de ordem clássica, surgiram com o inconformismo contra a opressão e resultaram no banimento do ditador, gerando, ao menos por enquanto, um cenário de incertezas.

Mas as forças que fizeram com que a onda evoluísse, crescesse, irradiasse a partir da Praça Tahrir para as todo o país, estas sim são dignas de nota.

A rapidez com que o inconformismo se organizou e tornou efetiva sua ação nas ruas deve-se basicamente à internet e suas redes sociais. Nunca a idéia de que informação é poder se materializou de maneira tão contundente e expressiva como agora, deixando o Estado e todos os seus aparatos de controle dos canais convencionais de comunicação à mercê da vontade coletiva, que se mobilizou, organizou, resistiu e venceu, portando como arma um celular ou um computador e usando como munição SMS, Twitter, Facebook. Trata-se de um acontecimento histórico, um marco.

Pelos meios ditos normais, ou mais antigos, quanto tempo demoraria para que uma sociedade conservadora e atrelada ao aparelho estatal e ao religioso demoraria para se mobilizar desta maneira e conseguir de forma tão sensacional seus intentos?

Talvez nunca na historia da humanidade o cidadão comum tenha tido em
suas mãos, por intermédio de um simples teclado, tanto poder quanto agora.

SMS, Twitter, Facebook(*) são as ferramentas de um processo revolucionário cujo surgimento estamos tendo o privilégio de assistir.


Texto de Luiz Caversan

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