quinta-feira, 28 de abril de 2011

O sacrifício

Fátima An-Najar é uma daquelas avós que carregam toda a dor e o sofrimento da humanidade. Seu nome evoca a filha do profeta Muhammad (Maomé) e o sobrenome a profissão de José, pai de Jesus.

Aos 67 anos de idade despediu-se do mundo explodindo o corpo em protesto contra a ocupação israelense.

Para a mídia foi apenas mais um número a contabilizar; para os palestinos mais uma mártir que partia. Antes dela, os israelenses haviam assassinado seu marido, dois filhos e um dia antes de sua morte, um neto de 17 anos.

O martírio de Fátima foi a culminância de um mês de massacres contra seu povo pelas tropas sionistas. Primeiro o assassinato frio e cruel de 18 mulheres e crianças em suas casas enquanto dormiam. A isso, a mídia ocidental denominou “incidente”. As vítimas não tinham nome, não tinham rosto, não tinham sonhos. Eram apenas números.

E em “outro incidente”, de acordo com a mídia ocidental, suas tropas dispararam contra 50 mulheres palestinas que tentavam proteger 60 refugiados em uma mesquita. Vejam que comportamento mais imoral dessa mídia. Para não criticar os carrascos israelenses, justificam o massacre acusando as 50 mulheres de servir de escudo para proteger 60 “militantes”. Vocês repararam nos números? 50 mulheres e 60 refugiados numa mesquita.

Não falam em 60 mães desesperadas tentando salvar os filhos.

Isso me lembra o jornalismo praticado na época da ditadura. Torturava-se até a morte e depois alegava-se suicídio ou atropelamento... Com o beneplácito dessa mesma mídia. Pergunto: alguma coisa mudou?

Fátima An-Najar, 67 anos, mãe, avó, palestina.
Fátima An-Najar, 67 anos, sacrificou-se em nome da humanidade!


Retirei o triste episódio acima do blog do bourdoukan. Então, resolvi fazer tal publicação para que, talvez, ajude algumas pessoas a pensarem melhor quando estiverem lendo, ouvindo, ou vendo alguma notícia relacionada a questão Israel/Palestina. Falo isso pelo fato de que essa semana recebemos a notícia sobre a conciliação entre os dois principais movimentos palestinos: o comprovadamente corrupto(é bom que se diga) FATAH, e o HAMAS, que diferente daquilo que é propagado pela grande mídia, NÃO É UMA ORGANIZAÇÃO TERRORISTA, e sim, UM PARTIDO POLÍTICO, que aliás, conquistou o direito de governar nas urnas(é bom que se diga). Uma outra coisa que deve ficar claro sobre o HAMAS, é que este, ao contrário daquilo que se é propagado, JÁ SE COLOCOU EM CONDIÇÕES DE CONVIVER COM A EXISTÊNCIA DE ISRAEL, desde que com as fronteiras de 1967, antes da guerra, bem como 140 países já se mostraram a favor de reconhecer o estado palestino, aliás, a proposta do HAMAS, assim como a iraniana, é que tal decisão seja tomada em um plebíscito, onde a população(árabe e israelense) de toda a região envolvida, venha a decidir. Enfim, fiz essas colocações para que ninguém se permita cair no embuste propagado pelo monopólio da grande mídia, cúmplice do sionismo genocida. Recebi a notícia de reconciliação dos grupos palestinos com entusiasmo, porém, também com certa temerosidade, uma vez que ISRAEL AMEAÇOU claramente, do alto de sua arrogância, POR SUA MÁQUINA DE GUERRA EM AÇÃO, porém, tal atitude, passou em branco aos olhos da dita comunidade internacional. A reação dos sionistas de Israel, assim como a das grandes potências, mediante a PAZ ENTRE PALESTINOS, mostrou claramente quem não quer a paz na região. Não podemos aceitar que mais uma vez o estado judeu venha a cometer suas atrocidades livremente, e devemos nos atentar ao fato de que o lado árabe não tem mais o que ceder, e sempre busca soluções, meladas pelos sionistas e aliados. A OCUPAÇÃO israelense, e toda sua arrogância, não pode gerar outra coisa, senão, mais casos como o do triste episódio no início do post. O SACRIFÍCIO é uma constante na vida palestina, foi presente israelense.E por fim, reitero que É MENTIRA essa história de que o HAMAS não aceita uma eventual convivência com o ILEGÍTIMO estado judeu.

domingo, 24 de abril de 2011

Um pouco sobre o país de Dr.Ahmadinejad, o IRÃ, tão demonizado pela mídia ocidental.

Então, com todos os acontecimentos atualmente no Oriente Médio, e toda desinformação em torno desses, é válida a colocação de algumas coisas sobre o Irã, esse país tão perseguido pela propaganda servil da mídia ocidental. Afinal, é sempre salutar diferenciar uma coisa de outra coisa.


Bom, primeiramente, não posso começar de outra forma, senão, dizendo que no Irã temos um regime democrático, ao gosto daquele povo; e é uma DEMOCRACIA, INEGÁVELMENTE. Dito isso, deve-se colocar que se na vitória de Dr.Ahmadinejad, durante as últimas disputas eleitorais, ocorreu algum tipo de manipulação nas urnas (COMO A GRANDE MÍDIA OCIDENTAL VEM PROPAGANDO AO LONGO DE ALGUNS ANOS), ou não, isso é outra história. Aliás, vale a lembrança de que a reeleição de Bush, no "democrático" EUA, foi bem embaraçosa. Pois bem, não adianta é vir, no que podemos chamar, talvez, de ignorância, e colocar no mesmo bolo o processo eleitoral do Irã com o processo ditadorial que tinhamos no Egito, por exemplo; é imcomparável. Até pelo fato de que o deposto governante do Egito ficou no poder por 30 ANOS. Dr.Ahmadinejad é o SEXTO presidente do Irã eleito nas urnas. Seu mandato teve inicio em 2005. Se querem por um "véu de humanitarismo" pra ir atrás de alguém, que o façam com o Reino Saudita, onde temos uma Monarquia absolutista em pleno século vinte e um.

E mais, não se deve ser tolo de acreditar que Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi (oposição) representem um fim do regime iraniano. Ambos são xiitas e governariam, se fossem eleitos, com o aval do religioso supremo, Ali Khamenei. Os persas estariam apenas abertos aos interesses dos EUA. Mas, NÃO MUDARIAM O REGIME, até porque: é uma democracia islãmica, ao modo persa.

O que estou dizendo, além de tudo, é que se o povo é contra o regime ou se é contra o governo de Dr.Ahmadinejad, entao vai ter que protestar contra os Aiatolás, ate chegar ao ponto de haver uma comoção nacional por uma votação (referendo popular) sobre a mudança de regime, aparentemente não é esse o desejo daquele povo. Por outro lado, se pessoas querem tirar Dr.Ahmadinejad do poder, por corrupção ou imoralidade política, ou coisas do tipo, nesse caso, seria legítimo, mas, também não é isso que acontece. Todavia, se os opositores e seus seguidores estão apenas insatisfeitos com o atual presidente e com o parlamento, sinto muito, que esperem terminar o mandato e realizem a mudança nas urnas. Isso é democracia. Algo diferente disso: ESTARIA SENDO UM GOLPE DE EsTADO (apoiado e financiado pelo imperialismo).

Ademais, é tudo propaganda contra um país de custumes estranhos ao Ocidente, que não reza a cartilha de um Império, e por isso é demonizado por uma mídia mais de que servil.

Vale reiterar que é o regime que a grande maioria do povo persa escolheu. É uma República Islâmica, porque assim o quiseram, e lutaram pra isso, conquistaram esse direito na revolução de 79, expulsando os imperialistas das terras iranianas.

Não pode-se deixar de considerar que o inaceitável, é a tentativa de impor a uma nação, a um povo, a forma como ele deve viver, nesse momento é deixado de lado qualquer princípio democrático. Posto isso, aqueles que apóiam uma pseudo-cruzada democrática, alegando eventuais direitos humanos ignorados pela nação islãmica, aqueles que colocam esse motivo como argumento pra perseguir um regime, e até almejar depor um presidente, estes mostram-se ainda mais ingênuos, pois o regime continuaria o mesmo, como eu já bem disse, a diferença seria que o Irã estaria aberto a interesses estrangeiros. Precise-se tomar cuidado para não tornar-se uma espécie de militante, não cônscio, de uma causa verdadeiramente política criminosa, que é o que está por trás de toda a campanha anti-Irã. Aliás, aqueles que perseguem o regime dos Aiatolás, mostram-se cada vez mai incoerentes. Devemos lembrar ainda que a "democracia" colômbiana é o país que mais desrespeita os direitos humanos na América Latina, isso é fato comprovado; a Teocracia israelense é o regime mais criminoso da idade moderna, incluso possuidora de tecnologia núclear, recusa-se a assinar o tratado de não proliferação de armas atômicas,porém, não se observa nenhuma campanha contra esses países, que por sinal, são aliados dos maiores financiadores de crimes contra a humanidade na história contemporânea (EUA). Portanto, antes de demonizar o Irã, deve-se observar todo um contexto muito bem engendrado, e lembrar sempre que, na Pérsia, tem prevalecido a vontade popular; que são apenas diferentes de nós, porém, jamais nos impuseram sua cultura, costumes, regime. Nunca jogaram uma bomba atômica, e nem invadem nações, assim como não financiam guerras, e nada do tipo. Ao contrário daqueles que os perseguem.


E ainda em tempo, não poderia deixar de desmentir toda propaganda sionista que alega, de forma faláciosa, eventual pregação de ódio aos judeus por parte de Dr.Ahmadinejad. Eles fazem isso, certamente, se aproveitando de que a maioria das pessoas não tem conhecimento, por exemplo, sobre mais de 25 sinagogas existentes em Terrã, assim como não sabem que essas nunca foram alvejadas pela população islãmica do Irã, tal como acontece com as pouquíssimas mesquitas em Tel Aviv(Israel); elas não sabem, também, que a população judia iraniana, é a maior nativa do Oriente Médio, e é apoiadora do presidente iraniano; votou nele e aplaudem a sua política externa: de defesa da soberania nacional daquele país, e enfrentamento aberto ao sionismo, assim como ao imperialismo. E certamente, também, não sabem do espaço garantido que os judeus possuem no parlamento persa. E quanto as mulheres da Pérsia, essas constituem mais da metade das novas turmas universitárias. Pra pararmos por aqui.


Reitero que o único pecado do presidente iraniano, e do regime daquele país, é enfrentar abertamente os sionistas, assim como imperialistas que visam dominar o Globo terrestre.

TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL (uma triste realidade).

Vivemos atualmente, de forma indubtável, um dos momentos mais prósperos para o nosso povo desde a criação de nossa jovem república, porém, mesmo com todos os avanços conquistados, ainda convimemos com duras realidades a serem enfrentadas, pois é, falo isso pra lembrar de um triste problema entre tantos ainda presentes em nossa sociedade, por mais incrível que pareça para alguns, mas, a verdade é que em pleno século vinte e um o TRABALHO ESCRAVO ainda é uma vergonhosa realidade no Brasil. Buscando maior elucidação sobre o tema, abaixo seguem-se algumas postagens inerentes ao assunto.

A primeira é datada de 21/02/2011, retirada do Blog DEFESA DO TRABALHADOR - Advocacia e Socialismo: http://defesadotrabalhador.blogspot.com/2011/02/trabalho-escravo-no-brasil-criancas-e.html



TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL: Crianças e adultos colhem fumo em condições de escravidão

Entre os 23 libertados que colhiam fumo em fazendas de Rio Negrinho (SC), 11 tinham menos de 16 anos de idade. Vítimas enfrentavam precariedade e jornada exaustiva, além de sérios riscos de contaminação por agrotóxicos

Por Bianca Pyl

Dispostos a verificar o cumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em dezembro de 2009, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina (SRTE/SC) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) acabaram flagrarando 23 pessoas, incluindo 11 adolescentes com idades entre 12 e 16 anos, em condições análogas à escravidão.

“O quadro encontrado desta vez é muito pior do que o anterior, que constatou algumas irregularidades”, disse Guilherme Kirtschig, procurador do trabalho que integrou a equipe fiscal. Os trabalhadores colhiam fumo em duas propriedades arrendadas por Wilson Zemann. As fazendas têm cerca de 20 hectares, no total, e estão localizadas em Rio dos Banhados, distrito de Volta Grande, no município de Rio Negrinho (SC).

No local em que as pessoas trabalhavam, havia apenas um banheiro, localizado na casa do proprietário da fazenda arrendada. “Os adolescentes relataram que muitas vezes faziam suas necessidades no mato”, conta Lilian Carlota Rezende, auditora fiscal da SRTE/SC. Para saciar a sede, apenas um único galão de água e somente um copo, que aumenta o risco de contaminação por doenças infecto-contagiosas.

A jornada era exaustiva: os empregados subiam todos os dias na caçamba de um trator por volta das 6h da manhã e só retornavam para casa às 19h. O arrendatário fazia diariamente esse trajeto da área de fumo até o distrito de Volta Grande, que se estendia por cerca de uma hora, para buscar o grupo. Segundo o procurador Guilherme, a estrada é muito ruim e havia risco de tombamento da caçamba. “No caminho, Wilson oferecia emprego às pessoas. Ele não utilizava nenhum aliciador”, completa.

As vítimas corriam sérios riscos de contaminação por não utilizarem nenhum tipo de equipamento de proteção individual (EPI). A situação mais grave era dos adolescentes. Alguns sequer estavam calçados no momento da fiscalização. Todos vestiam roupas próprias, de uso comum, que posteriormente seriam lavadas com as vestimentas das famílias, vindo a contaminar outras pessoas. “Os trabalhadores têm que usar sapatos de segurança e bonés árabes para evitar câncer de pele, entre outros equipamentos”, lista Lilian.

A fiscalização encontrou agrotóxicos por toda parte, em cima da caçamba onde os trabalhadores eram transportados e almoçavam, junto com galões de água. Ninguém tinha treinamento para manusear as substâncias químicas. O arrendatário não possuía Estudo de Gerenciamento dos Riscos dos Agrotóxicos em relação aos trabalhadores. Não havia local adequado para armazenamento e preparação da calda do produto.

O trabalho em plantações de fumo está entre as piores formas de exploração da criança e do adolescente, conforme classificação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo expressamente proibido para pessoas com menos de 18 anos, de acordo com o Decreto nº 6.481, de 2008.

“Infelizmente, não conseguimos saber para quem seria vendida a produção. Certamente o MPT acionaria a fumageira, que é solidariamente responsável por esse tipo de situação”, lamentou o procurador.

Os adultos que foram libertados na operação não tinham registro na Carteira de Trabalho e da Previdência Social (CTPS). Portanto, não estavam amparados pela Previdência Social em caso de acidentes ou doenças. As vítimas estavam entre 7 e 25 dias no local, e ainda não haviam recebido nenhum pagamento. “Eles não recebiam nenhum direito, como repouso semanal remunerado, férias proporcionais, 13º salário proporcional e recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço [FGTS]“, explica a auditora Lilian.

As fazendas foram interditadas pela fiscalização e o prazo para que o arrendatário pague as verbas trabalhistas – que totalizaram mais de R$ 60 mil – se encerra nesta quinta-feira (27). Wilson terá mais um mês para destinar valores relativos ao dano moral individual às vítimas.

A ação contou ainda com a participação das Polícias Federal e Militar. O Conselho Tutelar de Rio Negrinho (SC) foi acionado e compareceu para retirar os jovens com menos de 18 anos e entregá-los às suas famílias. O Ministério Público Estadual (MPE) deverá tomar outras providências adicionais cabíveis com relação ao quadro de trabalho infantil.

Fonte: Reporter Brasil



Agora segue-se uma retirada hoje do Jornal do Brasil, trata-se de uma denúncia com relação a brechas presentes em nossa legislatura.



Falhas na lei permitem que Estado contrate empresas denunciadas por escravidão
Agência BrasilRoberta Lopes
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A legislação brasileira ainda tem brechas que permitem que empresas inscritas na lista suja do trabalho escravo participem de licitações e fechem contratos com a administração pública. Segundo o secretário-executivo do Conselho Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), José Guerra, o que está funcionando são as resoluções do Conselho Monetário Nacional (CNM).

“O que temos é o parecer do CMN que proíbe todas as entidades financeiras de emprestar a essas empresas que estão na lista suja. Temos ainda o pacto empresarial, gerido pela OIT [Organização Mundial do Trabalho], Instituto Ethos e a ONG [organização não governamental] Repórter Brasil. Esse pacto tem mais de 150 empresas que se comprometem a não fazer negócios com quem está na lista suja e elas cumprem isso”, disse.

Ele citou como exemplo o caso das empresas que deixaram de comprar álcool e açúcar da Usina Gameleira, que entrou para a lista suja.

O presidente da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, reconhece que a lista suja do trabalho escravo é o principal instrumento de combate à exploração do trabalho análogo à escravidão, reforçada com iniciativas do Poder Público, como as resoluções do CMN. Apesar disso, ainda há lacunas em relação a contratos com a administração pública. A Lei 8.666/96, que regulamenta as licitações, não traz referência a empresas ou pessoas físicas denunciadas por manter trabalhadores escravos.

“A brecha não é só na questão do trabalho escravo. A Lei de Licitações deveria considerar impactos sociais, ambientais, trabalhistas e fundiários nas comunidades tradicionais, mas não considera isso. Na prática, considera preço e qualidade. A Lei de Licitações precisa ser reformada”, afirmou Sakamoto.

Ele disse que os estados do Tocantis e Maranhão aprovaram leis para proibir a administração pública de fazer negócios com quem está na lista suja, mas ainda falta a regulamentação dessas leis.

Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que faz alterações na Lei de Licitações, entre elas, a que veda a Administração Pública Federal de firmar contratos com empresas denunciadas por prática de trabalho escravo. O projeto está na Mesa Diretora da Camara dos Deputados.



Agora, segue-se um texto extraído do Brasil escola, nele é e feita uma breve abordagem em aspecto global sobre o tema, e também nos revela medidas tomadas por nossas autoridades contra esse flágelo social.



Nas letras da lei, a escravidão está extinta, porém em muitos países, principalmente onde a democracia é frágil, há alguns tipos de escravidão, em que mulheres e meninas são capturadas para serem escravas domésticas ou ajudantes para diversos trabalhos. Há ainda o tráfico de mulheres para prostituição forçada, principalmente em regiões pobres da Rússia, Filipinas e Tailândia, dentre outros países.

A expressão escravidão moderna possui sentido metafórico, pois não se trata mais de compra ou venda de pessoas. No entanto, os meios de comunicação em geral utilizam a expressão para designar aquelas relações de trabalho nas quais as pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra sua vontade, sob ameaça, violência física e psicológica ou outras formas de intimidações. Muitas dessas formas de trabalho são acobertadas pela expressão trabalhos forçados, embora quase sempre impliquem o uso de violência.

Atualmente, há diversos acordos e tratados internacionais que abordam a questão do trabalho escravo, como as convenções internacionais de 1926 e a de 1956, que proíbem a servidão por dívida. No Brasil, foi somente em 1966 que essas convenções entraram em vigor e foram incorporadas à legislação nacional. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) trata do tema nas convenções número 29, de 1930, e 105, de 1957. Há também a declaração de Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu Seguimento, de 1998.

De acordo com o relatório da OIT de 2001, o trabalho forçado no mundo tem duas características em comum: o uso da coação e a negação da liberdade. No Brasil, o trabalho escravo resulta da soma do trabalho degradante com a privação de liberdade. Além de o trabalhador ficar atrelado a uma dívida, tem seus documentos retidos e, nas áreas rurais, normalmente fica em local geograficamente isolado. Nota-se que o conceito de trabalho escravo é universal e todo mundo sabe o que é escravidão.

Vale lembrar que o trabalho escravo não existe somente no meio rural, ocorre também nas áreas urbanas, nas cidades, porém em menor intensidade. O trabalho escravo urbano é de outra natureza. No Brasil, os principais casos de escravidão urbana ocorrem na região metropolitana de São Paulo, onde os imigrantes ilegais são predominantemente latino-americanos, sobretudo os bolivianos e mais recentemente os asiáticos, que trabalham dezenas de horas diárias, sem folga e com baixíssimos salários, geralmente em oficinas de costura. A solução para essa situação é a regularização desses imigrantes e do seu trabalho.

A escravidão no Brasil foi extinta oficialmente em 13 de maio de 1888. Todavia, em 1995 o governo brasileiro admitiu a existência de condições de trabalho análogas à escravidão. A erradicação do trabalho escravo passa pelo cumprimento das leis existentes, porém isso não tem sido suficiente para acabar com esse flagelo social. Mesmo com aplicações de multas, corte de crédito rural ao agropecuarista infrator ou de apreensões das mercadorias nas oficinas de costura, utilizar o trabalho escravo é, pasmem, um bom negócio para muitos fazendeiros e empresários porque barateia os custos da mão de obra. Quando flagrados, os infratores pagam os direitos trabalhistas que haviam sonegado aos trabalhadores e nada mais acontece.

De modo geral, o trabalho escravo só tem a prejudicar a imagem do Brasil no exterior, sendo que as restrições comerciais são severas caso o país continue a utilizar de mão de obra análoga à escravidão. Como é público e notório que o Brasil usa trabalho escravo, sua erradicação é urgente, sobretudo para os trabalhadores, mas também para um bom relacionamento comercial internacional.

Criada em agosto de 2003, a Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), órgão vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, tem a função de monitorar a execução do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Lançado em março de 2003, o Plano contém 76 ações, cuja responsabilidade de execução é compartilhada por órgãos do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, entidades da sociedade civil e organismos internacionais.

Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Sociologia - Brasil Escola




E por fim, um texto com números da OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO), que apesar de tudo, aponta o Brasil como exemplo no combate ao trabalho escravo. Que isso sirva de estímulo para que nossas autoridades continuem no rumo certo, e venham a erradicar essa covardia da realidade brasileira.




OIT DIVULGA NÚMEROS SOBRE TRABALHO ESCRAVO.

O Brasil foi apontado como exemplo no combate ao trabalho escravo no relatório “Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo”, divulgado na quarta-feira (11) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Brasília e em Genebra. O documento destaca o trabalho de libertação e pagamento de indenizações aos trabalhadores que estavam em condições semelhantes à escravidão e a divulgação da lista suja como importantes instrumentos para coibir a prática no país.


Apesar dos esforços contra o trabalho escravo, o Brasil ainda tem 25 mil trabalhadores nessas condições, em todo o mundo são cerca de 12 milhões de pessoas. A pretensão do governo federal, conforme o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, lançado em março de 2003, é acabar com o problema até o final do governo. O secretário de assalariados e assalariadas rurais da CONTAG, Antônio Lucas Filho, avalia que a meta é possível, desde que governo e sociedade trabalhem juntos. Na opinião dele, com a aprovação da PEC do trabalho escravo, que está em discussão na Câmara dos Deputados, o combate a esse tipo de exploração será acelerado. “Diminuir a impunidade é a peça chave para acabar com esse tipo de prática”, avalia.

Os grandes desafios para a erradicação do trabalho escravo, segundo Antônio Lucas, são diminuir as desigualdades sociais e a má distribuição de renda. “Muitas vezes o trabalhador liberto volta a ser escravo por falta de oportunidades de emprego e de sobrevivência”, conta. Ele assegura que a reforma agrária é uma alternativa para evitar a escravização de trabalhadores.

http://www.rel-uita.org/laboral/oit-travalho-escravo.htm
Agência CONTAG de Notícias


QUE CONTINUEMOS LUTANDO POR UM BRASIL JUSTO E IGUALITÁRIO, POR UM BRASIL PARA TODOS.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Novela documentário do SBT apavora a GLOBO, e colaboradores da repressão.

Uma associação de militares reformados lançou abaixo-assinado na internet em que pede a censura à novela do SBT "Amor e Revolução", que retrata a repressão a militantes de esquerda durante a ditadura (1964-1985).

"É óbvio que o governo federal, através da Comissão da Verdade, recém-criada, está participando do acordo em exibir a novela", diz o manifesto.
Até uns dias atrás, o abaixo-assinado tinha 535 assinaturas.
O autor da novela, Tiago Santiago, disse que a tentativa de censura é inconstitucional e interessa apenas a "torturadores e assassinos" do regime.
Já a assessoria do SBT afirma que não vai comentar o assunto.
O texto da Abmigaer (Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica) evoca a Lei da Anistia, que não instituiu qualquer tipo de cerceamento a informações sobre o período.



"Antigos quadros militares da reserva, ligados ao regime de 64, articularam-se para pedir censura à novela “Amor e Revolução” do SBT, que vem expondo arbitrariedades ocorridas durante a ditadura.

Trata-se de ato inconcebível no Estado Democrático de Direito. Neste, a desaprovação a uma obra artística deve ser feita através da crítica, não pelo recurso à censura.

A novela reprovada por essa corrente militar apresenta versão romantizada de episódios ocorridos após o golpe militar de 64.

Pela primeira vez, fatos como a tortura de adversários do regime (e até de inocentes) são expostos através desse meio de expressão cênica (novela) que foi popularizado no Brasil.
Vista de forma desapaixonada, a novela não procura atribuir as malfeitorias às Forças Armadas como um todo, apenas aponta os descaminhos de uma facção militar ideologicamente extremada e de maus policiais que enveredaram pela trilha da violação dos direitos humanos.

Para eles, como se sabe, o regime providenciou uma anistia prévia.

A legislação internacional sobre direitos humanos não aceita anistia de agentes do Estado envolvidos nesse tipo de crime.

Certo, a Justiça brasileira recepcionou a lei da ditadura.

Contudo, não é proibido (nem poderia ser) abordar esses atos, seja pela imprensa seja por outras formas de liberdade de expressão.

Afinal, estamos numa democracia.

A indócil reação desse segmento militar não é só equivocada quanto à forma, mas desproporcional se levarmos em conta a sua situação jurídica. Basta ver que em outros países, também vitimados por ditaduras, as anistias impostas por esses regimes foram revisadas e os agentes acusados de crimes contra os direitos humanos estão sendo levados aos tribunais.

Os últimos a fazerem isso foram os uruguaios, cujo Senado, esta semana, decidiu seguir as recomendações das cortes internacionais de direitos humanos e suprimiu os artigos que impediam o julgamento de torturadores."

Fonte: Direitoce - Jornalismo & Informações Jurídicas


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Ainda em tempo, venho saudar o SBT por lembrar aquilo que não podemos esquecer, assim como tem feito, resgatando uma página importantíssima de nossa história: a dura luta que uma geração travou contra a repressão, brigando por um Brasil igualitário e livre, e em muitos casos pagando com a própria vida. O resgate dessa parte da história tem chego até o povo brasileiro, através da novela AMOR E REVOLUÇÃO, que ganha um certo aspecto de documentário. Parabéns a emissora pela bela iniciativa. Vale, também, o registro do quão interessante são os depoimentos no fim de cada capítulo. Emocionante ouvir aqueles que arriscaram a vida, e também lembrar dos que perderam, em uma luta por democracia, liberdade e igualdade.

Mauricio Dias: "FHC tira a máscara".

Em tempos onde a oposição encontra-se em frangalhos, rachando-se em novos e velhos partidos; em tempos onde o principal nome tucano(Aécio Neves), apontado assim por grande parte dos oposicionistas para a próxima disputa presidencial, se encontra enrolado com BAFÔMETRO; em tempos onde a extrema direita revela toda sua intolerância, racismo, e preconceito, através do deputado Jair Bolsonaro; foi nesse momento que FHC resoloveu tirar a máscara, não somente dele, mas, de toda uma classe, que nas últimas eleições tentou enganar o povo brasileiro através de uma suposta "igualdade de projetos", quando na verdade primam apenas pelos interesses das classes dominantes e deixam a luta por igualdade de lado; enfim, felizmente falharam, e agora a máscara é retirada, espero que definitivamente, uma fez que o líder tucano assume o caráter anti-popular, a serviço de uma elite acomodada e soberba. Que não nos deixemos mais cair no embuste da "social-democracia" psdbista. Vejamos abaixo um interessante artigo de Maurício Dias.


por Mauricio Dias, em CartaCapital

“Ele é um presidente definido por lei que está fazendo o que o país dominante quer que ele faça”
Avaliação do governo de FHC feita por Raymundo Faoro, em 15/5/2002

Finalmente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, suposto arauto da social-democracia brasileira, entrou no trilho adequado. Foi preciso mais de oitos anos, além de três fracassos eleitorais sucessivos na disputa presidencial, para que ele jogasse fora a máscara da social-democracia e assumisse o papel de expressão política da classe média. O sociólogo faz isso agora, na condição de presidente de honra dos tucanos.

“Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT a influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, sentencia FHC em artigo escrito para a nova edição da revista Interesse Nacional, que começou a circular na quinta-feira 14.

Nada de mal. É bom para o País que o rio corra no seu leito natural. Nada de mais. A minoria precisa de alguém que defenda seus valores. O ex-presidente finca a bandeira nesse espaço ou, pelo menos, tenta. Pela primeira vez se apresenta como porta-voz dessa camada social e se apressa a dar receita eleitoral para os candidatos da oposição.

“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesse dessas camadas.”

Quem compõe essas camadas da sociedade brasileira? A nomenclatura sociológica se embaralha nesse ponto. A classe média é difusa mesmo a partir da base da pirâmide social. Os milhões tirados da marginalidade ao longo do governo Lula – em torno de 20 milhões – foram batizados de integrantes da classe média “E”, embora uma classe social não se consolide somente a partir do salário.
O ex-presidente faz uma leitura muito particular da eleição de 2010. Ele acredita que o resultado traduz essa visão polarizada: Dilma 56,5% dos votos contra 43,95% de Serra.

O sociólogo, já de olho na competição presidencial de 2014, vê as coisas com a lente descalibrada do político oposicionista. Sem ameaça de ser vitimada pelo preconceito da classe média bem aquinhoada, como acontece com Lula, a presidenta Dilma tem chances de transitar melhor nessa faixa do eleitorado. Exatamente o contingente preferencial do governo de FHC.

Ainda em 2002, poucos meses antes da eleição de Lula, diante da pergunta se achava que o governo tucano fora feito para somente 30 milhões, o jurista e historiador Raymundo Faoro lançou uma dúvida: “Tanto assim?”. E argumentou: “O país que lê jornal… quantos são? E o país que lê livros? Não há sequer mercado para sustentar a cultura”.

FHC tornou-se um ícone do país privilegiado: “É isso que sobrou”, disse Faoro.

Foi o que restou também do PSDB, que nunca teve vínculos com os sindicatos brasileiros e com os movimentos sociais. Vínculos que, em essência, definem historicamente a natureza dos partidos social-democratas. Uma aliança que os tucanos nunca buscaram.

terça-feira, 19 de abril de 2011

DIA DO ÍNDIO - 19 de abril; nessa data, além de felicitar a cultura indígena, não poderia faltar uma homenagem a Darcy Ribeiro

Darcy Ribeiro foi um grande antropólogo, político, humanitário, nacionalista, mas, acima de tudo, um grande brasileiro que tanto lutou pelo povo do Brasil, e dedicou-se de corpo e alma a causa indígena. Não poderíamos deixar de lhe prestar uma homenagem nesse dia. Segue abaixo um trecho do livro de sua autoria O BRASIL COM PROBLEMAS:

MINHAS PELES

“'Quem sou eu?' Às vezes me comparo com as cobras, não por serpentário ou venenoso, mas tão-só porque eu e elas mudamos de pele de vez em quando. Usei muitas peles nessa minha vida já longa, e é delas que vou falar.

A primeira de minhas peles que vale a pena ser recordada é a do filho da professora primária, Mestra Fininha, de uma cidadezinha do centro do Brasil.

Outra saudosa pele minha foi a de etnólogo indigenista. Vestido nela, vivi dez anos nas aldeias indígenas do Pantanal e da Amazônia.

Não os salvei e esta é a dor que mais me dói. Apenas consolam algumas poucas conquistas, como a criação do Parque Indígena do Xingu e do Museu do Índio, no Rio de Janeiro.

Pele que encarnei e encarno ainda, com orgulho, é a de educador, função que exerço há quatro décadas. Essa, de fato, foi minha ocupação principal desde que deixei etnologia de campo.

Eu investia contra o analfabetismo ou pela reforma da universidade com mais ímpeto de paixão que sabedoria pedagógica. Não me dei mal. Acabei ministro de educação de meu país e fundador e primeiro reitor da Universidade de Brasília.

Outra pele que ostentei e ostento ainda é a de político. Sempre fui, em toda a minha vida adulta, um cidadão ciente de mim mesmo como um ser dotado de direitos e investido de deveres. Sobretudo o dever de intervir nesse mundo para melhorá-lo.

Com a pele de político militante fui duas vezes ministro de Estado, mas me ocupei fundamentalmente foi na luta por reformas sociais, que ampliassem as bases da sociedade e da economia, a fim de criar uma prosperidade generalizável a toda a população.

Fracassando nessa luta pelas reformas, me vi exilado por muitos anos e vivi em diversos países. Minha pele de proscrito foi mais leve do que poderia supor.

Meu ofício naqueles anos foi de professor de antropologia e, principalmente, reformador de universidades. Disto vivi.

No exílio, devolvido a mim, me fiz romancista, cumprindo uma vocação precoce que me vem da juventude.

Só no meu exílio, nos seus longos vagares, tive ocasião e desejo de novamente romancear.

De volta do exílio, retomei minhas peles todas. Hoje estou no Brasil lutando pelas minhas velhas causas: salvação dos índios, educação popular, a universidade necessária, o desenvolvimento nacional a democracia, a liberdade. No plano político, fui eleito vice-governador do Rio de Janeiro e depois senador da República.

Essas são as peles que tenho para exibir. Em todas e em cada uma delas me exerci sempre igual a mim, mas também variando sempre.”

Texto de Darcy Ribeiro publicado em 1995 no livro de sua autoria O Brasil como Problema.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Yioani Sánchez REFUTADA por depoimento de um brasileiro que viveu três anos em Cuba.

Depoimento de um brasileiro que viveu três anos em Cuba

Por Guilherme Soares Silveira Bueno. (Retirado de: PCB.ORG)


Eu gostaria de me expressar um pouco aqui sobre os comentários desta recém famosa blogueira cubana (Yioani Sánchez). Eu sou saxofonista, morei três anos na ilha, sem visitar o Brasil neste período, estudei música no ISA (Instituto Superior de Arte de Havana), antigo clube de campo dos turistas norte-americanos antes de 1959.

Fiquei a maioria do tempo em Havana, onde eu estudava, mas em um dos períodos de férias, com a mochila nas costas e pedindo carona, atravessei durante quase dois meses a ilha inteira, de ponta a ponta, passando por todas as capitais e outros lugares, como Placetas, Puerto Padre, Mayarí e Chivirico.

Tentei me manter o mais longe possível dos programas turísticos, pois queria conhecer a Cuba vivida pelos cubanos. Nos três anos em que lá estive, minha convivência foi basicamente com os cubanos, no ISA não tem muitos estrangeiros e eu era o único brasileiro.

Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que considero o conteúdo do blog desta cubana uma piada pra quem já viveu em Cuba. Ela criticou a educação em Cuba? O sistema de saúde cubano? A violência na ilha? Não minha gente, não, isso só pode ser piada. Voltei há sete meses de Havana e ontem estava em um consultório médico quando resolvi folhear a droga da revista da manipuladora VEJA e lá estava a blogueira. Escreveu que foi agredida numa manifestação contra a violência.

Manifestação contra a violência em Cuba? Nossa meus amigos, sinto muito, eu vivi três anos na ilha, sou músico, portanto, freqüentava muito os bares nas noitadas de Havana (sempre regadas de muita música), andando por toda a cidade durante a madrugada: foram três anos, e nesses três anos e eu não vi nem sequer uma briga, nem sequer um tapa, nem sequer um puxão de cabelo, e essa cubana me vem dizer que estava numa manifestação contra a violência? Só pode ser piada mesmo.

Até mesmo os cubanos que são contra o regime (na sua imensa maioria jovens que não viveram o país antes de 1959 e que sonham em ir para os EUA, enriquecer, comprar carros luxuosos, jóias, mansões, roupas de grife, etc.) sempre me diziam nas discussões: "Isso é verdade, aqui não deixam ninguém morrer, se você tem algum problema eles te curam" ou "Aqui não precisa ficar preocupado, se tem alguma coisa de bom em Cuba é que é um lugar seguro, aqui não tem a violência do seu país" ou "É verdade, aqui te dão educação grátis e de excelente qualidade, mas não te deixam prosperar, o que significava ganhar muito dinheiro, enriquecer e consumir. Esse desejo surgiu ou intensificou a partir do contato com os milhares de turistas que a ilha recebe por ano e, como o próprio Fidel Castro diz, o turismo foi um mal necessário. Prosperar para nós não é conhecer, aprender e produzir e sim ganhar mais e mais dinheiro para consumir cada vez mais".

Que tristeza ver no que nos transformamos, estamos perdendo a essência do ser humano para enraizar uma essência de consumo, destruindo cada vez mais o nosso planeta e se importando cada vez menos com as milhares de pessoas que não têm nem um prato de comida na mesa, quando têm mesa.

É triste pensar que tantas pessoas que lutaram muito durante uma época bastante conturbada em nosso país, só estavam lutando contra uma ditadura e não contra a desigualdade social, a exploração das pessoas, a miséria, a falta de moradia, a fome. Já em Cuba é muito fácil perceber que estas lutas são claramente as prioridades do governo cubano, se necessita muita falta de sensibilidade para não enxergar isso. Uma das primeiras coisas que me chamou a atenção quando cheguei em Havana, foi a aparência das pessoas que encontrava pelas ruas.

Percebi que todos tinham uma boa pele, os dentes brancos e em perfeito estado. Tinham a aparência de pessoas fortes e como são fortes os cubanos. Altos e fortes. Logo pensei: "Ué! cadê a fome? Acredito que gente que passa fome, não cresce tanto. Notei isso em todos os lugares que passei, em muitas outras províncias, e não somente em Havana.

Moro na cidade de São Paulo, já viajei para vários outros Estados, e em todas as capitais vi crianças pedindo esmola no farol, crianças morando em baixo de viaduto, crianças vagando pela cidade em plena madrugada.

Eu andei aquela ilha toda e as crianças que encontrei usavam uniforme, o que significava que eram escolares, e caminhavam acompanhadas pelo pai ou pela mãe ou por ambos. Uma vez, indo para Alamar um cartaz na rodovia exibia o índice mundial de crianças que passavam fome e terminava com a seguinte afirmação: "Nenhuma delas é cubana". Eu não vi fome naquele lugar, não vi ninguém esbanjando comida na geladeira, é verdade, mas fome eu não vi. Gente que não toma café, almoça e janta todos os dias? Isso não existe em Cuba.

Nas vezes em que precisei de atendimento médico em Cuba, fui atendido mais rapidamente e melhor que no hospital São Luiz, mesmo tendo aqui um plano de saúde que não é top de linha, mas está logo abaixo. Lá, não tive que pagar pelo atendimento mesmo sendo estrangeiro.

Um amigo espanhol, que estudou comigo, tratou inclusive dos dentes, já que lá todo tratamento é gratuito e na Espanha, assim como no Brasil, a maioria dos planos de saúde não cobre o tratamento dentário. Eu só queria ver essa blogueira na fila do SUS esperando pra fazer uma cirurgia importante, sem saber quando será realizada.

Uma das acusações mais comuns dirigidas ao governo Cubano, é o cerceamento da liberdade de expressão, a frase "liberdade de expressão" virou um slogan contra o regime cubano. Do meu ponto de vista, nada mais contraditório que um brasileiro criticando a liberdade de expressão em Cuba.

O Brasil atualmente, segundo dados de 2008 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, possui 10,0% (cerca de 19,1 milhões) de analfabetos e 21,0% (cerca de 40 milhões) de analfabetos funcionais (só sabem assinar o nome). O primeiro passo para a extensão da plena liberdade de expressão de toda a população é a educação. Se um País não dá a possibilidade à grande parte da população (os abaixo da linha da pobreza) para aprender a ler, a escrever, a adquirir conhecimento, a fazer esportes, a aprender formas de arte, se um país não oferece condições mínimas de vida a uma grande massa da população obrigando-a a se preocupar, cotidiana e diuturnamente, apenas com o risco de não ter uma ração alimentar mínima, por falta de dinheiro, está CERCEANDO as possibilidades de liberdade de expressão, que passa ser privilégio dos bem aquinhoados.

Além disso, qual liberdade de expressão nós temos no Brasil? Fora poucas revistas que são lidas por uma minoria quase insignificante, qual o grande meio de comunicação que atinge as grandes massas e que divulgam além do que os grandes conglomerados jornalísticos permitem que seja divulgado?

E tudo isso com um agravante, o mundo cerca a ilha e "ninguem" quer que aquilo dê certo. Depois da queda da União Sovietica, Cuba, que economicamente era dependente do seu governo (recebia cerca de 4 a 6 bilhões de dólares anuais em 1990), ficou sem nada, em situação social de calamidade, o chamado "Período Especial", de 1990 a 1996. É preciso analisar toda a evolução de um país que não tinha nada naquela epoca e hoje mantém uma qualidade de vida, em termos de necessidades essenciais como moradia, saúde, educação e cultura que Cuba tem, você vai ver que não existe país no mundo que melhorou tanto e segue melhorando.

Seu PIB é de 51 bilhões de dólares (o do Brasil é de 2 trilhões de dólares) e, mesmo assim, Cuba ostenta um alto Índice de Desenvolvimento Humano (acima de 0,800); em 2007 o IDH de Cuba foi 0,863 (51° lugar ? 44º se ajustado pelo PNB). Com uma renda tão baixa, se o governo fosse corrupto, o país não seguiria nesta direção, nós brasileiros deviamos saber bem disso. Desenvolvimento econômico não está necessariamente ligado ao desenvolvimento social e Cuba provou isso.

A ilha consegue esse alto indice de desenvolvimento humano no seu país sem instalar grandes corporações, como acontece na maioria esmagadora dos países de terceiro mundo, onde podem pagar um salario baixissimo para seus funcionarios, sugar a materia prima e pagar baixos impostos.

Pelo contrario, Cuba ainda exporta milhares de médicos, que viajam em missões de solidariedade para centenas de lugares do mundo todo, em países onde se o sistema de saúde não é ruím, ele simplesmente não existe. Mas sobre isso a VEJA não faz uma reportagem, também não faz uma reportagem sobre os milhares de estudantes de classes sociais muito baixas, que provêem de todos os países latino-americanos, inclusive brasileiros, que vão para Cuba estudar medicina e outras centenas em outros cursos, todos eles financiados pelo governo cubano, ganhando moradia, salário mensal, café, almoço, jantar e produtos para higiene pessoal.

Todos esses estudantes estão se formando em Cuba sem pagar um centavo. A universidade de medicina de Cuba é uma das mais bem conceituadas no mundo e a sua valorização em âmbitos internacionais é muito maior que as universidades brasileiras, um médico cubano na Europa consegue trabalho sem dificuldades mesmo nos dias dificeis que vivemos, isso porque o sistema público de saúde cubano é considerado um dos mais eficazes do mundo.

Ainda assim os mais de mil estudantes brasileiros que estão se formando em Cuba estão encontrando dificuldades para validar seus diplomas no Brasil, sob a alegação de que os brasileiros que estudam em instituições cubanas se formam medicos generalistas básicos; todos os que conhecem o curso que eles fazem em Cuba sabem que isso é uma grande mentira, o que ninguem publica é a verdade, a verdade é que medicina no Brasil é coisa para quem tem dinheiro para pagar, a grande minoria. Com a chegada de médicos brasileiros formados em Cuba, com o projeto de suprir cerca de mil vagas de médicos em comunidades indigenas no interior do país, essa tradição começa a ser rompida e aumenta a tendência de um barateamento no sistema médico do país, mas não, para a maioria do congresso é melhor as pessoas continuarem morrendo do que os custos médicos serem mais baratos

Se eu fosse citar todas as vantagens que a ilha tem sobre nós eu teria que parar de tocar saxofone para me dedicar a escrever um livro, descrevendo todos os detalhes que, na verdade, não são tão detalhes assim, mas que passam despercebidos pelos olhares de muitas pessoas que viajam para lá com uma visão preconceituosa, elitista e não percebem coisas simples, como as crianças brincando pelas ruas de Havana, correndo pra cima e pra baixo, sem sequer seus pais se preocuparem; não importa se têm 5, 10 ou 15 anos, nada vai acontecer com eles lá fora, nenhum menino de 9 anos vai fumar crack e muito menos vender quinquilharias nas esquinas: isso não chega lá, as crianças em Cuba estão na escola, onde elas devem estar.

O narcotráfico, um dos maiores problemas mundiais, em Cuba não entra, o tráfico de drogas é praticamente inexistente se comparado com o restante do mundo, não há droga nos bares ou nas festas frequentadas pelos jovens cubanos, assim como não há as propagandas massivas de bebidas alcoólicas.

Cultura transborda por todos os cantos, teatros, festivais de cinema, poesia, pintura e música estão por todas as partes e os preços dos espetáculos são acessíveis a todos os cidadãos. Tudo isso muita gente não percebe, isso a VEJA não publica, mas quando aparece uma pessoa com afirmações absurdas sobre a ilha, sem nenhuma fonte confiável para provar o que diz, aí sai na primeira pagina em todos os meios de comunicação, essa passa a ser a grande noticia do nosso país, cheio de "liberdade de expressão".

É facil para um brasileiro que vive em São Paulo, no Morumbi, na Vila Olimpia, em Ipanema ou na Barra da Tijuca sair criticando a ilha e dizendo que aqui está melhor que lá. Claro que sim! Minha familia é de classe média e eu também vivo melhor que os cubanos, mas quantos brasileiros vivem como a gente?

Existem milhões e milhões de brasileiros que dariam a vida para ter as oportunidades que o governo cubano dá para seu povo, para ter uma casa como todos os cubanos têm, para ter atendimento médico gratuito de excelente qualidade, para não ter que se preocupar com a escola dos seus filhos, para ter um prato de comida em cima da mesa. Mas não, nós, cegos, preferimos reparar que lá não tem carne de vaca, que só tem carne de frango, peixe e carne porco, que a variedade dos alimentos não é grande como a nossa ou que eles não têm dinheiro pra comprar um Nike, um IPod.

Vocês devem estar se perguntando se eu não tenho nenhuma critica negativa sobre a ilha, eu digo que é obvio que eu tenho varias, com certeza até mesmo o Fidel Castro tem varias criticas negativas ao seu governo.

A questão não são os erros que eles cometeram ou os acertos, a questão é que a luta do governo cubano é pela melhoria na qualidade de vida de todas as pessoas, é um governo que luta pelo seu povo e faz o impossível para manter todas as condições básicas para o ser humano viver com dignidade.

E tudo isso junto com o bloqueio comercial imposto pelos EUA que impede que o avanço na qualidade de vida dos cubanos siga em ritmo mais acelerado. Não é o Fidel que faz mal para a ilha, quem faz mal para a ilha somos todos nós, que a cercamos, a excluímos e seguimos prejudicando-os com nossas políticas internacionais que prejudicam um país que carece de muitos recursos financeiros.

Nós não podemos esquecer de que, antes de fazer criticas sobre a conduta do governo cubano para com seu povo, temos que pensar primeiro no contexto político que viveu e vive a ilha de Cuba; um erro pode significar o fim de mais de cinqüenta anos de luta pela soberania de um povo, o fim de uma população saudável e muito bem educada.

Lembrem-se de que o Haiti já foi o país com a melhor qualidade de vida da América Latina, situação que durou até a politica inglesa "América para os americanos": hoje o Haiti é o país mais pobre da América.

Antes de criticar as limitações impostas pelo governo para a saída dos cubanos do país, informem-se. Em primeiro lugar, os cubanos que tentam visitar familiares nos EUA assim como cubanos que vivem nos EUA e tentam visitar os familiares em Cuba, encontram muito mais resistência por parte do governo norte-americano do que por parte do governo cubano.

Essa resistência se dá pelo fato do governo norte-americano pressionar os cubanos que querem visitar seus familiares a assumir a nacionalidade norte-americana; como muitos só querem ir visitar a familia nos EUA e depois voltar, acabam tendo muita dificuldade para conseguir o visto. O mesmo acontece com outros países que impõem milhares de restrições para evitar que o cubano consiga o visto para a viagem.

Quem já viveu em Cuba um tempo razoável sabe que isto é verdade, inclusive na televisão cubana passam propagandas insistindo para os norte-americanos liberarem os cubanos que lá vivem para visitar seus familiares em Cuba. Em Cuba existe uma lei que diz que se um cubano sair de Cuba como turista, ele pode ficar, no máximo, onze meses fora do País e, se esse tempo for ultrapassado, ele perde a nacionalidade por um tempo limitado. Muitas pessoas também não compreendem isso.

Lembrem-se que Cuba é um regime Socialista, lá tudo é do Estado e o Estado garante todas as necessidades basicas da população (moradia, comida, educação e saúde); seria injusto que um cubano viajasse, trabalhasse fora, ganhasse bastante dinheiro, e depois voltasse para Cuba usufruir de todas essas vantagens, mas sem contribuir com nada. O Estado é o povo, o povo é o Estado. Com relativa frequência, muito cubanos que viajam para Espanha ou outros países não voltam mais, pois logo conseguem um bom emprego, graças a excelente educação que tiveram em Cuba, mas os filhos ficam em Cuba.

Quando você pergunta porque eles não foram também, te respondem: "Ah! lá a escola é muito cara, eu não teria condições de pagar". Muitos destes cubanos ainda têm a cara-de-pau de criticar o governo do seu país. Eu acho que não precisa de muito para perceber que isso não está correto.

Eu gostaria de saber quando é que a gente vai parar de aceitar que todos esses meios de comunicação nos manipulem, na defesa dos interesses de uma elite que não se importa com ninguém além dela mesma. Quando vamos parar de prestar atenção nesses canais de televisão, nessas rádios, jornais e revistas que mentiram pra nós o tempo todo, manipulando pesquisas eleitorais, escondendo informações e divulgando calúnias, quando vamos parar de aceitar coisas como "rouba mas faz" ou um presidente que escreve livros e livros e quando assume a presidência diz pra esquecer tudo que ele disse.

Que convicção tem uma pessoa dessas que muda de uma hora para outra? Acho que nunca teve convicção em nada. Hoje vivemos talvez o início de uma era que nunca vivemos, a América Latina está sendo cada vez mais tomada por governos de esquerda que realmente estão se importando com a nossos povos, como o Hugo Chavez na Venezuela, o Evo Morales na Bolivia, o Rafael Correa no Equador, o José Mujica no Uruguai e o Lula no Brasil.

Só resta saber se vai ser apenas uma época ou se realmente vamos mudar. Esses presidentes não podem fazer nada se nós não ajudarmos, talvez se nosso povo se mobilizasse mais, nosso governo puderia realizar os seus projetos sem tantos obstáculos.

Pra essa blogueira eu gostaria de dizer que ela deveria sentir vergonha das injustiças que comete com um país que conquistou tudo que Cuba conquistou mesmo sendo o único país que olha para os EUA e diz NÃO. Como pode ela dizer que todas essas conquistas foram falsas? Como pode ela, na reportagem para a revista VEJA dizer que nenhum estrangeiro que viveu em Cuba pode admirar aquele regime?

Como ela pode falar assim pelos outros? Eu vivi em Cuba e não só admiro o seu regime como acredito nele, acredito que Cuba foi e continua sendo a grande esperança para os povos deste planeta que carecem dos recursos básicos para um ser humano viver. Eu tenho certeza que esses alunos de medicina, muitos oriundos de famílias que não tiveram condições de proporcionar todas as oportunidades que todos os seres humanos deveriam ter por direito, e muitos outras pesoas solidárias a Cuba e que lá viveram, sentem a mesma admiração que eu por tudo de maravilhoso que lá foi construido e pela pouca esperança que nos resta, mas que passa a ser tão grande quando olhamos para nuestros queridos hermanos cubanos.

Eu acredito que num futuro distante o Fidel Castro Ruz não somente será lembrado como um grande homem, mas sim como um ícone da luta pela justiça e pela igualdade social em nosso planeta, um ícone ainda maior que nosso querido comandante Che Guevara. Bom seria se o mundo não esperasse sua morte, como aconteceu com o Che, para reconhecermos isso. Eu espero estar vivo para ver isso e espero que até lá o governo cubano se mantenha forte e resistente para que, no futuro, não precisemos olhar para trás arrependidos e dizer: "Que pena, naquela época a situação podia ter mudado, mas não mudou", como já vimos acontecer muitas vezes na nossa historia.

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Em tempos de congresso do Partido Comunista de Cuba, e com tantas especulações (em muitos casos maldosas) envolvendo o debate em torno do plano de reformas a ser aplicado naquele país, achei pertinente relembrar esse interessante depoimento de um barsileiro que conheceu de perto a realidade da Ilha. Vale também o registro de mais um aniversário da Revolução, que ainda se mantém viva e forte em Cuba, pra infelicidade do covarde Império Yankee e seus asseclas, como Yoni Sanches e toda a grande mídia ocidental.

Artigo: Mitos e realidades sobre a Coreia, por Tarso Genro

Hoje a Coreia é apresentada como um bom exemplo de desenvolvimento econômico, educacional e social. E é. Mas é um exemplo, não um modelo. Cada país deve sempre ser capaz de reinventar os bons exemplos alheios, sob pena de que a transmissão mecânica do "modelo" torne-se uma mímese fracassada, por não casar-se com as especificidades culturais e sociais do país que se socorre da experiên- cia alheia. O fator preponderante no sucesso econômico da Coreia foi uma relação de recíproco interesse, pactua-da entre Estado e iniciativa privada - com precedência para o planejamento estatal de longo prazo - que lhe permitiu inclusive fazer vultosos investimentos em educação de qualidade.

Primeiro: a Coreia não é um exemplo de desenvolvimento originário da visão do "livre mercado", pois a sua evolução vem marcada por um conjunto de políticas de Estado, que subsidiava setores estratégicos para agregar valor, promover inovações tecnológicas e novas tecnologias, considerando o espaço que o país queria e quer ocupar na nova ordem política mundial.

Segundo: as "compras" governamentais - preparatórias do terreno para a revolução tecnológica, infraestrutural e econômica que o país atravessou - foram instrumentos orientadores do setor privado, direcionando-o para prover certos requisitos tecnológicos dos produtos ou serviços a serem adquiridos pelo Estado, interferindo, assim, na qualidade do mercado de ofertas para suprir necessidades públicas. (É o que a Petrobras faz hoje corretamente em todo o país.)

Terceiro: o apoio às iniciativas do empresariado é avaliado por um Centro de Políticas de Ciência e Tecnologia, que premia as empresas capazes de desenvolver tecnologias competitivas em nível global; ou seja, as decisões do governo são informadas pela visão do "lugar" que o país quer ocupar na globalização, portanto de forma não subordinada.

Quarto: no sexto "plano quinquenal" (a partir dos anos 80) - estratégia centralizada de planejamento, que vinha desde os anos 60 -, além de o Estado incentivar setores como a química fina e a eletrônica, o governo interferiu para "abrir espaços para pequenas empresas atuarem no setor de componentes, com vistas a reduzir as dependências das importações do Japão". (Maldaner L.F., "O desafio da inovação Brasil x Coreia do Sul", Feevale, 2006, pág. 124).

Quinto: o governo coreano, sempre que necessário, atuou também como produtor, associado ou exclusivo, chegando a formar empresas públicas nas áreas de química, fertilizantes e siderurgia (idem, pág.128), para assim orientar os investimentos estratégicos, após ter promovido exportações direcionadas (anos 60), com a criação de entes privados, sem fins lucrativos, para organizar as políticas de inserção do país no comércio global (Korea Trade Promotion Corporation - Kotra).

Sexto: a Coreia sempre trabalhou de forma planificada, com redes de empresas (as "chaebol") que já na década de 1980 foram responsáveis por 45% do PIB nacional, financiadas por bancos do governo, que fiscalizam o seu desempenho (desenvolvimento "em rede"), e cujo núcleo é composto de grandes empresas que, para permanecerem competitivas, são obrigadas a investir pesadamente em pesquisa, cujo produto são as tecnologias avançadas que são disseminadas na rede.

Só uma articulação de alto nível, para formar um novo bloco social e político - cujas divergências naturalmente existirão em questões como distribuição de renda e alcance do projeto democrático -, é que pode nos fazer irromper num cenário global nacional altamente competitivo e exigente. É a superação de um modelo concentrador e elitista, em termos de renda e poder, que o Brasil já começou a superar. Nosso Rio Grande não acompanhou essas mudanças plenamente. A Coreia, ao seu tempo, começou-as através de governos autoritários na década de 1960. Nós podemos fazê-lo, hoje, através da democracia e da concertação.

Tarso Genro, governador do Estado do Rio Grande do Sul

Achei, realmente, e inegávelmente, muito bom esse texto de Tarso Genro, que somente vem a contribuir sobre uma maior elucidação do atual regime de nosso país, e o quão caminhamos no rumo certo.

domingo, 10 de abril de 2011

WikiLeaks: O plano de Washington para constranger o governo brasileiro usando a mídia

Tradução do Coletivo da Vila Vudu

WikiLeaks

ASSUNTO:
Estratégia para Engajar o Brasil na “Difamação de Religiões”[1]

1. (C) RESUMO: A posição do Brasil na questão da “difamação de religiões” na comissão de Direitos Humanos da ONU reflete a conciliação entre as objeções do país à ideia (objeções baseadas num conceito do que sejam Direitos Humanos) e o desejo de não antagonizar os países da Organisation of the Islamic Conference (OIC) com os quais tenta construir relações e que o Brasil vê como importante conjunto de votos a favor de o Brasil conseguir assento permanente no CSONU. À luz da argumentação a favor da abstenção do Brasil, proponho abordagem de quatro braços, envolvendo aproximação com os altos escalões do Ministério de Relações Exteriores; uma visita a Brasília, para pesquisar meios de trabalhar com o governo do Brasil, nessa e noutras questões de direitos humanos; outros governos que possam conversar com o governo do Brasil; e uma campanha mais intensa pela mídia e mobilizando comunidades religiosas a favor de não se punir quem difame religiões . FIM DO RESUMO.

Contexto: “Quando Direitos Humanos e ambição de chegar ao Conselho de Segurança entram em choque”.

2. (SBU) Essa embaixada levantou várias vezes a questão dos votos do Brasil no Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores. A última vez foi com a chefe do Departamento Ministra Glaucia Gauch. O Brasil nunca discordou de um único argumento dos que apresentamos em outros encontros.

A resposta sempre foi a mesma: o conceito de difamar religiões é repugnante. Repugna aos valores e princípios do Brasil e é inconsistente com a legislação brasileira e a legislação internacional. Por isso o Brasil não pode aprovar e não votará a favor de resolução que proíbe que se puna quem difama religiões. O Brasil abstém-se de votar.

3. (C) Perguntada sobre por que o Brasil não vota contra a resolução, dado que a considera absolutamente inadmissível, Gauch respondeu que o país entende que a abstenção é suficiente. Na opinião do Governo do Brasil, o país assume posição baseada em princípios, mas também prática, porque não interessa ao país ofender os países da Organização da Comunidade Islâmica, sobretudo os mais poderosos como Iran, Egito, Turquia e Arábia Saudita, países com os quais o Brasil tenta aprofundar relações.

É opinião dessa embaixada que o que mais interessa à política externa do Brasil é conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como resultado, o Governo do Brasil prefere não antagonizar países e grupos de países cujos votos podem ser valiosos numa futura eleição.

Abordagem de quatro braços

4. (SBU) À luz dessa realidade complicada, proponho abordagem de quatro braços no caso do Brasil, sobre essa questão. Antes de qualquer das etapas e movimentos, deve-se declarar o compromisso dos EUA com o diálogo e a cooperação, e nosso empenhado esforço para manter o Brasil como um líder e um parceiro nessa questão.

Encontros de alto nível: Ao abordar os mais altos níveis do Ministério de Relações Exteriores, é essencial persuadir o Brasil a mudar seu voto e a trabalhar conosco a favor da “Difamação de Religiões”, até chegarmos a uma solução de conciliação. Telefonema da Secretária de Estado dos EUA ao Ministro Amorim das Relações Exteriores, logo depois da recente carta enviada por ela, demonstraria a importância que os EUA damos a essa questão. Também se deve abordar o vice secretário-geral do MRE ministro Antonio Patriota; e o subsecretário Burns deve abordar a subsecretária para assuntos políticos, embaixadora Vera Machado (que supervisiona questões de direitos humanos e política das organizações internacionais), o que muito ajudaria a aumentar a importância do tema na cabeça dos brasileiros (sic).

Só as abordagens nos níveis inferiores dificilmente conseguirão modificar a abordagem “em cima do muro” [orig. Brazilbs hands-off approach] dos brasileiros sobre o assunto.

Um Diálogo sobre Direitos Humanos: Uma visita dedicada exclusivamente a essa questão, seria, na minha opinião, de pouco efeito, porque o Brasil aceita as premissas de nossa objeção. Ao mesmo tempo, uma discussão mais detalhada dos nossos pontos de vista e de nosso plano de ação, com níveis operacionais e político do MRE seria valiosa.

A abordagem mais efetiva (e, no longo prazo, mais valiosa para os interesses mais amplos do Governo dos EUA) poderia incluir a questão atual na pauta de um novo diálogo regular sobre direitos humanos, ideia que o próprio MRE (pelo emb. Patriota) propôs recentemente. O contexto mais amplo de um esforço para trocar ideias e para encontrar vias pra trabalharmos mais próximos do Governo do Brasil no campo dos direitos humanos nas organizações internacionais (tratando também, talvez, de outras das preocupações dos países chaves, incluindo o Irã e a Coreia do Norte, questões sobre as quais o Brasil sempre se abstém) criariam um fórum ideal para discussões e para conseguir que o governo do Brasil apóie o plano de ação proposto pelos EUA. Essa abordagem ampla seria atraente para os brasileiros, interessados em construir parcerias com os EUA, que ajudarão a validar o desejo de que o Brasil passe a ser visto como líder internacional. Essa abordagem seria mais bem recebida que abordagem focada, dirigida só à questão da difamação de religiões.

Abordagem por outros países: Desde que chegou ao cenário internacional, o atual governo do Brasil tem tido grande cuidado para não alinhar suas políticas às políticas dos EUA. O Brasil tem em alta conta o que considera como sua posição “de ponte” entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos, por causa de sua disposição de falar com todos os países. Minha opinião é que essa posição tende a limitar o peso das opiniões dos EUA dentro do Governo do Brasil. Porque o Brasil vê-se ele mesmo como se fosse líder no bloco dos países latinoamericanos, esses países pouco conseguirão influenciar as ideias do governo do Brasil. O mais provável é que ouçam outros países que consideram ‘independentes’ [aspas no orig.] dos EUA, como África do Sul, Rússia, China, Índia e França.

Ganhar o apoio para nossa posição de alguns membros da Organização da Conferência Islâmica, especialmente do Egito, Turquia e outros ‘independentes’[aspas no orig.] influentes seria muito importante para que consigamos influenciar o voto do Brasil a favor da difamação das religiões. Em geral, abordagens feitas por qualquer outro país que apóie ação proposta pelos EUA servem como prova da natureza colaborativa de nossos esforços e podem ser úteis.

Aumentar a atividade pela mídia e o alcance das comunidades religiosas parceiras: Até agora, nenhum grupo religioso no Brasil assumiu a defesa da difamação de religiões. Mas o Brasil é sociedade multirreligiosa e multiétnica, que valoriza a liberdade de religião. Um esforço para difundir a consciência sobre os danos que podem advir de se proibir a difamação das religiões pode render bons dividendos. Grandes veículos de imprensa, como O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país.

Essa embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados. Visitas ao Brasil, de altos funcionários do governo dos EUA seriam excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira. Outra vez, especialistas e funcionários de outros governos e países que apóiem nossa posição a favor de não se punir quem difame religiões garantiriam importante ímpeto aos nossos esforços.

Essa campanha também deve ser orientada às comunidades religiosas que parecem ter influência sobre o governo do Brasil, quando se opuseram à visita ao Brasil do presidente Ahmadinejad do Irã, em novembro. Particularmente os Bahab e a comunidade judaica, expandidos para incluir católicos e evangélicos e até grupos indígenas e muçulmanos moderados interessados em proteger quem difame religiões [sic]. [assina] KUBISKE

[1] Há matéria da Reuters sobre o assunto, de seis meses antes desse telegrama, em http://www.reuters.com/article/2009/03/26/us-religion-defamation-idUSTRE52P60220090326, em que se lê: “Um fórum da ONU aprovou ontem resolução que condena a “difamação de religiões” como violação de direitos humanos, apesar das muitas preocupações de que a condenação possa ajudar a defesa da livre expressão em países muçulmanos (sic)” [NTs].

PS do Viomundo: Na época em que foi feito esse comunicado, a Organização das Nações Unidas (ONU) estava para votar uma resolução condenando a “difamação de religião”. Os EUA eram contra. Defendiam que não deveria ser considerado crime difamar religiões e queriam mudar o voto do Brasil, que era pela abstenção. No dia 26 de março de 2009, a ONU aprovou a resolução condenando a “difamação da religião”, como uma violação dos direitos humanos. Desde 1999, essa questão vai e volta à pauta da Comissão de Direitos Humanos da ONU.

sábado, 9 de abril de 2011

Hamas decreta estado de emergência na faixa de Gaza

09/04/2011 - 10h47
DA FRANCE PRESSE, EM GAZA

O governo do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, decretou "estado de emergência" neste sábado para os serviços de segurança, que deverão trabalhar 24 horas por dia devido aos confrontos com o Exército israelense, segundo um porta-voz.

"O Ministério do Interior decretou o estado de emergência. Todas as forças de segurança devem trabalhar 24 horas por dia, assim como os serviços de defesa civil e os serviços médicos, para proteger e salvar os habitantes, feitos alvo pelo ocupante sionista", declarou Ihab al Ghusein, porta-voz do ministério.

O conflito armado entre Israel e o Hamas, o mais violento desde 2009, já deixou 17 palestinos mortos desde a última quinta-feira na Faixa de Gaza. O conflito continua neste sábado, com projéteis palestinos sendo lançados contra o território israelense e ataques aéreos em represália.

"Os grupos palestinos [de Gaza] haviam se comprometido a respeitar o consenso palestino [de uma trégua] e a acabar com os disparos de foguetes, mas o agressor sionista fez com que tudo fracassasse, matando civis, mulheres, crianças e velhos", acrescentou.

Al Ghusein também acusou o exército israelense de atirar deliberadamente contra os socorristas e ambulâncias, e de ter lançado "obuses de fósforo branco, cujo uso é proibido pelo direito internacional".

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Sabemos muito bem o motivo desses ataques, frutos da arrogância israelense, e porque não, também, do descaso do Ocidente, ao continuar permitindo as ações covardes, e unilaterais do estado judeu. No fim de março, lamentávelmente, acompanhamos o governo sionista em suas ameaças de passos unilaterais, caso a Assembleia Geral da ONU viesse a reconhecer o Estado palestino. Vale registrar que o secretário geral da Organização das Nações Unidas classificou, a dias atrás, como insustentável a política de assentamentos judeus_ leia-se colonização em pleno século vinte um.

A verdade é que Israel ataca Gaza em ameaça contra o reconhecimento Estado palestino. O triste é que permanece impune. Em uma total falta de coerência da dita comunidade internacional. E tem desinformado ainda acreditando na histórinha israelense de defesa contra foguetes hamalenses.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Falta de seriedade, de informação e de respeito. (Sucinto)

Do Tijolaço (Brizola Neto)

Fico espantado com a superficialidade com que se está tratando esta tragédia na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo. O rapaz enlouquecido que fez essa monstruosidade é apresentado de todas as formas preconceituosas possíveis, como portador de HIV ou religioso islâmico e acusado de “passar o dia na internet”. Ora, nenhuma destas três coisas explica coisa alguma sobre o ataque psicótico que o levou a atacar e matar crianças em uma escola.

Se explicassem, haveria milhares de tragédias assim, pois há milhões de soropositivos, de islâmicos e de nerds.

Só reforça esteriótipos e preconceitos, porque nem Aids, nem fé muçulmana ou internet fabricam este tipo de loucura.


A tão falada carta do homicida a cada hora é usada para achar uma “lógica” num ato ilógico, louco, transtornado. Uma exploração irresponsável, discriminatória e cheia de ódios. Afinal, a carta apareceu e não faz referência a nada do que se falou na imprensa, irresponsavelmente.

E ficaram falando em “fundamentalismo islâmico”. Que vergonha!

Aliás, não é só a mídia que está agindo com leviandade. O Senador José Sarney perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Suas declarações de que o ato foi “terrorismo” e de que era preciso colocar “segurança pública” (o que seria isso, artes marciais, defesa pessoal, ou o que?) no currículo das escolas são lamentáveis.

Como eu disse antes, o colégio era tranquilo, nunca tinha registrado incidentes de violência e até tinha um bom sistema de segurança. ora, ninguém está livre de deixar entrar um louco sob a aparência mais cândida do mundo.

Não é hora de histeria. Todos vocês lembram dos demagogos que prometiam -parece que se mancaram – colocar um guarda em cada esquina, como se um guarda próximo fosse evitar este massacre. Não evitaria, até porque, casualmente, havia policiais perto e eles agiram rapidamente. A presença de um policial sentado dentro da escola só ia, provavelmente, fazer com que um louco disposto a chacinar começasse por ele, de surpresa.


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Primeiramente, devo dizer que concordo com Brizola Neto. Posto isso, não se tem muito o que falar; o fato é esse caso foi muito triste, muito mesmo, porém, isolado. E assim deveria tratado. Pois quando louco perturbado quer matar: NÃO TEM SEGURANÇA PÚBLICA QUE O SEGURE; assim como não tem ciência que explique, ou, forneça solução alguma. Devemos deixar a demagogia de lado, assim como a politicagem. Espero que não estejamos testemunhando a chegada de uma nova modalidade de crime em nosso país. Um outro fato relevante, é que nossa mídia, mais que irresponsável, e demais formadores de opinião, devem ter muita calma nessa hora, pois já temos problemas demais, e não precisamos importar mais um; essa insistência em ligar Wellington ao islã, é um erro sem precedentes. Quanto aos demais debates suscitados pelo sofrível acontecimento, como inclusão social, segurança pública, e etc... é óbvio que são necessários, mas, não pautados em uma caso isolado.


Infelizmente, "intelectuais", assim como sensacionalistas, tentam, cada um a sua forma, destilar explicações e soluções, principalmente pelas redes sociais, mas, o fato é que trata-se de algo incomum em nossa sociedade, é isolado sim, e espero que assim continue.

sábado, 2 de abril de 2011

Bolsonaro recorre a foto de cunhado "75% negro" para se defender . (CARA-DE-PAU)

O Senhor Jair Bolsonaro, na melhor das hipóteses, pode ser considerado um palhaço. Pior de que o fanfarrão vir tentar defender-se, insultando nossa inteligência, pois o próprio histórico o condena; o pior mesmo é o verme ainda, de certa forma, ser idolatrado por muitas pessoas, como bem tenho constatado através de manifestações de apoio a esse parlamentar vil, principalmente, nas redes sociais; uma lástima que esse sujeitinho seja reeleito, e infelizmente, não dúvido que continuará se elegendo; não se pode deixar de dizer que a vitória de Bolsonaro em uma eleição representa a miséria moral de nossa sociedade; é a legitimação da canalhice; uma vergonha para nossa democracia. Aliás, irônicamente, este ser deplorável está na comissão de direitos humanos nacional. Pois é. Vale registrar também toda a dissimulação de quem se coloca na defesa desse Crápula, infelizmente, o número não é pequeno. Abaixo, vejamos a "cara-de-pau"


Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual

São Paulo – O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) promete apresentar uma fotografia de um cunhado "75% negro, 25% branco" para provar que não é racista, segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. A definição das proporções é atribuída ao próprio parlamentar. Segundo a assessoria de imprensa da TV Bandeirantes, em que foi veiculada a entrevista, uma "participação rápida" foi gravada na quinta-feira (31), em Brasília (DF), com o humorista Rafael Cortez.

A emissora não confirma o teor da participação, nem se há menção ao cunhado. Bolsonaro terá espaço para "justificar os absurdos que falou", segundo confidenciou uma assessora de imprensa do canal.

Desde segunda-feira (28), quando foi ao ar uma entrevista concedida pelo deputado a um programa de TV, foi feita uma série de pedidos de abertura de processos na corregedoria da Câmara dos Deputados contra ele, por declarações racistas e homofóbicas.

No programa da última segunda, ele associou pessoas negras à ideia de promiscuidade, quando questionado sobre como reagiria caso um filho seu se casasse com uma negra – ele alega ter entendido erradamente a pergunta. Na entrevista e, depois, durante a semana, Bolsonaro fez reiterados ataques e críticas a homossexuais e a iniciativas que defendem os direitos relacionados à diversidade sexual.

Desde então, o deputado acumula pelo menos seis representações contra ele junto à Corregedoria da Câmara. O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), declarou ter encaminhado os pedidos nesta sexta-feira (1º).
Cota de ironia

No início de março, antes de se envolver na polêmica, Bolsonaro reapresentou um projeto de lei que destina metade das 513 vagas da Câmara para negros e pardos. Em entrevista à imprensa, ele explicou: "Não chega ao deboche, eu chamo a atenção. É irônico, mas sério, que a gente chama a atenção para a indústria das cotas neste país".

"Se o sistema de cotas é justo para o ensino, deve também ser a representação federal. Mesmo sendo autor da proposição, por coerência, votarei contra essa matéria", disse o parlamentar no texto do projeto.
Protestos

Um perfil criado no Facebook contra o deputado já acumula 10 mil apoiadores. Diferentes abaixo-assinados pela internet acumulam de 16 mil e 20 mil adesões até a tarde desta sexta. Um protesto está previsto para este domingo (3), em São Paulo. A concentração ocorre a partir das 12h, na praça do Ciclista, na avenida Paulista.

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2011/04/bolsonaro-recorre-a-foto-de-cunhado-75-negro-para-se-defender-1

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Invadir um Estado tornou-se ato humanitário

Sex, 01 de Abril de 2011 20:48

Anwar Kalil, da Africa News Agency, no Monitor Mercantil

Algumas vezes a vida (e a política) formulam perguntas difíceis e dilemas ainda mais difíceis. Um deste dilemas surgiu, há alguns anos, na Argélia. Depois de uma sangrenta guerra, durante a qual os fundamentalistas fizeram demonstração de sua selvageria, massacrando aldeias inteiras e assassinando de forma mais desumana as remanescentes mulheres e crianças, foram convocadas eleições gerais.

Vencedores das eleições parece que foram os fundamentalistas - ao que tudo indica, a maioria dos argenlinos votou sob o regime de terror. Foi quando o Governo da Argélia, com a aprovação unânime das potências ocidentais e, particularmente, da França, decidiu anular as eleições, assim como o resultado das urnas.

Foram poucos, muito poucos, os intelectuais franceses e de outros países do mundo que protestaram contra o fato. Um véu de silêncio cobriu o assunto. Todo o mundo ocidental, assim como o árabe, concordaram em que não poderia um país ser entregue às mãos de assassinos, particularmente, no momento em que encontrava-se em exacerbação mundial o mais parálogo e sangrento terrorismo. Mas a lição que jamais foi revelada claramente foi que, quando vidas humanas correm risco, as autoridades políticas deverão recuar.

Este ano, com o imbróglio da Líbia, os mesmos dilemas vieram à superfície. O mundo ocidental em peso - com os partidos da esquerda na linha de frente - sentiram-se alegres e felizes com as insurgências populares contra os semi-autoritários e semiditatoriais regimes da Tunísia, Egito e Iêmen. Não apareceu ninguém - com exceção do sátiro Berlusconi - para defender Mubarak.

O apoio dos manifestantes, assim como, a posterior adesão do exército, foram diretas, claras, absolutas. Dilemas neste caso não existiram. Ninguém pensou, que neste caso, os defenestrados presidentes haviam sido eleitos e que todos, até alguns dias antes, os consideravam representantes legais de seus países.

Interesses diversos

Ao contrário, quando pensou-se em ajudar a capengante revolução contra Kadafi, os dilemas ressurgiram. E, embora, todos sabem quem é na realidade o presidente líbio, apesar de todos reconhecerem o brilho paranóico em seus olhos, assim como todos sabem que sua vingança será terrível, a pergunta foi formulada: é correto alguém intervir aos assuntos internos de um Estado, utilizar sua força para virar a balança para um lado, mesmo que se este lado não é o lado do Direito?

Os homens que têm somente certezas impressionam. Mas não se deve invejá-los. Os teólogos e a maioria dos políticos pertencem a esta categoria de homens que podem e tomam decisões facilmente, isto é bom, aquilo ali é mau, e fim de conversa.

E, no caso da Líbia, porque os "bons" da questão são habitualmente os "maus" do cenário político internacional, as posições começam a diferenciar-se. Os argumentos conhecidos, mas entre muitos legais e aceitos, são: a sensibilidade ocidental tem relação com a permanente lógica imperialista da intervenção em um pequeno Estado, tem relação com o petróleo, tem relação (esta é a mais extremista colocação, mas também foi ouvida) com o fato de que o Kadafi é independente, e isto incomoda os ocidentais.

Tem relação, ainda, com as conjunturas políticas como, por exemplo, com a necessidade de Sarkozy de destacar-se como líder, em vista das eleições presidenciais na França, ano que vem.

Intervenções seletivas

Considero que poucos - muito poucos - dos leitores deste jornal tenham qualquer motivo para duvidar que tudo isso está vigorando, e o petróleo desempenha seu papel e que a agonia de Sarkozy - antes da cobrança de um pênalti - desempenha o seu.

Porém, são suficientes estas verdades para apagar a realidade de que na Líbia corre-se o risco de um massacre, com centenas de milhares de vítimas. Há alguns anos foram massacrados milhões de seres humanos em Ruanda, aqui, na África. Os EUA não quiseram intervir então. Massacres assim têm sido cometidos muitos no mundo - anotem um dos genocídios mais recentes, aquele de Camboja, em nome de um sonho comunista.

Ninguém interveio então, ninguém sequer quis intervir. Pode a humanidade sentir-se orgulhosa pelos milhões de vítimas inocentes de um louco que decidiu impor o "mais limpo comunismo" em seu país.

As situações não poderão ser preto/branco. (Porque, por outro lado, deve-se reconhecer que Merkel e Erdogan são muito sensíveis e, politicamente, impecáveis, considerando que respeitam o princípio de não intervenção aos assuntos internos de outros Estados...).

No grau em que a intervenção dos ocidentais a favor dos insurgentes não assume a dimensão de uma ocupação militar aberta como, por exemplo, no Iraque, e permanece em um nível de desgaste do ditador é - de fato - um ato humanitário. Por mais mal intencionado que seja.

Obviamente, as grandes perguntas permanecem. Até quando durará esta história? Qual será o amanhã da Líbia? O que acontecerá com o ditador? (Será que o mundo assistirá a mais um show de enforcamento como o de Saddam Hussein?) Como será evitada a dicotomia do país? Quão demócratas serão os sucessores do ditador?

Líbia: exposta afinal a negociata EUA-sauditas

Líbia: exposta afinal a negociata EUA-sauditas

Sex, 01 de Abril de 2011 20:45



Pepe Escobar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MD02Ak01.html

Traduzido pela Vila Vudu

Vocês invadem o Bahrain. Nós derrubamos Muammar Gaddafi na Líbia. Essa, em resumo, é a negociata acertada entre o governo de Barack Obama e a Casa de Saud. Duas fontes diplomáticas na ONU confirmaram, independentes uma da outra, que Washington, pela boca da secretária de Estado Hillary Clinton, deu sinal verde para que a Arábia Saudita invadisse o Bahrain e esmagasse o movimento pró-democracia no país vizinho, em troca de um voto “sim” da Liga Árabe para aprovar uma zona aérea de exclusão sobre a Líbia – único ‘fundamento’ que levou à Resolução n. 1.973.

As fontes são dois diplomatas, um europeu e outro de país BRICS; os dois falaram separadamente, a um professor e intelectual norte-americano e ao jornal Asia Times Online. Não terão seus nomes divulgados. Um dos diplomatas disse: “Por isso não era possível votar a favor da Resolução 1973. Acompanhávamos o argumento segundo o qual Líbia, Bahrain e Iêmen são casos similares; para nós, era preciso nomear missão de investigação para ir à Líbia. Mantemos nossa posição: entendemos que a resolução não é clara e pode ser interpretada na direção de mais beligerância.”

Como Asia Times Online noticiou, é mito que toda a Liga Árabe teria aprovado a zona aérea de exclusão sobre a Líbia. Dos 22 membros plenos, só 11 votaram. Seis desses são membros do Conselho de Cooperação do Golfo, o clube de reinos/ditaduras do Golfo apoiados pelos EUA, dos quais a Arábia Saudita é o cão-chefe. A Síria e a Argélia votaram contra. A Arábia Saudita teve de dobrar apenas outros três membros, para obter o número necessário de votos presentes, e aprovar o que queria aprovar.

Tradução: só 9, dos 22 membros da Liga Árabe votaram a favor da zona aérea de exclusão. A votação foi, de fato, operação conduzida pela Casa de Saud, com o secretário-geral da Liga Árabe Amr Moussa interessado em mostrar serviço a Washington, interessado em obter a presidência do Egito.

E assim aconteceu que, um dia, houve um Grande Levante Árabe de 2011. E então, inexorável, desceu sobre ele a contrarrevolução comandada por EUA-sauditas. (...)

Digam o que disserem Barack Obama, Clinton e outros, nada alterará os fatos – resultado da suja dança do par EUA-Sauditas. Para saber quem lucra com a intervenção militar na Líbia, vide “Não há business como a guerra-business”, Asia Times Online, 30/3/2011, em português em http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/03/nao-ha-business-como-o-guerra-business.html. E acrescente àquela lista de beneficiários também a dinastia al-Khalifa no Bahrain, uma cesta sortida de fabricantes e mercadores de armas e todos os suspeitos neoliberais de sempre loucos para privatizar tudo que encontrem, na nova Líbia – até a água. E nem se falou até aqui dos abutres ocidentais que já sobrevoam a indústria de petróleo e gás da Líbia.

Mas a mais surpreendente descoberta, de fato, é a extensão da hipocrisia do governo Obama. Pode-se dizer que nunca antes na história desse mundo vira-se governo dos EUA apresentar um descarado golpe geopolítico no norte da África e no Golfo Persa, como se fosse operação humanitária. E quanto a chamar a nova (mais uma!) guerra dos EUA contra nação muçulmana, de mera “ação militar cinética”? (...)

Prendam os suspeitos de sempre

(...) Na Líbia, vê-se hoje um curioso desenvolvimento: a OTAN está permitindo o avanço das forças de Gaddafi ao longo da costa mediterrânea, deixando que façam recuar os “rebeldes”. Já há dois dias não há novos “ataques aéreos cirúrgicos”.

O objetivo da OTAN é, provavelmente, chantagear também o Conselho Nacional de Transição [ing. Interim National Council (INC)] infestado de desertores líbios, inclusive um ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil; o ex-secretário de planejamento Mahmoud Jibril; e o ex-morador de Virginia, vizinho da CIA nos EUA por 20 anos e “novo comandante militar” dos “rebeldes” Khalifa Hifter. O ingênuo, embora decente e louvável Movimento de Jovens 17 de Fevereiro – que começou o levante em Benghazi – foi completamente posto de lado.

Aí está a primeira guerra africana da OTAN, como o Afeganistão foi a primeira guerra da OTAN no Centro/Sul da Ásia. Já firmemente configurado como braço armado da ONU, esse OTAN-Globalcop está em marcha, implementando o “conceito estratégico” que foi aprovado na cúpula de Lisboa em novembro passado (sobre isso, vide “Bem vindos ao OTANSTÃO”, 20/10/2010, Asia Times Online, em português em http://redecastorphoto.blogspot.com/2010/11/bem-vindos-ao-otanstao.html).

A Líbia de Gaddafi tem de ser varrida do mapa, para que o Mediterrâneo – o mare nostrum da antiga Roma – torne-se lago da OTAN. A Líbia é a única nação do norte da África não subordinada ao AFRICOM, ao CENTCOM ou a qualquer dos muitos “parceiros” da OTAN. Outras nações africanas não parceiras da OTAN são a Eritreia, A República Árabe Democrática Sawahiri, o Sudão e o Zimbabwe.

Além do mais, dois membros da “Iniciativa Istambul de Cooperação” [ing. Istanbul Cooperation Initiative] da OTAN – o Qatar e os Emirados Árabes Unidos – combatem hoje ao lado do AFRICOM/OTAN, pela primeira vez. Tradução: parceiros da OTAN e do Golfo Persa fazem hoje guerra na África. A Europa? Provinciana demais. O Globalcop já deu as costas à Europa.

No duplifalar oficial do governo Obama, há ditadores que podem contar com “o braço dos EUA” – por exemplo, o Bahrain e o Iêmen. Esses podem relaxar e fazer, na prática, virtualmente o que bem entenderem. Quanto aos candidatos a “alteração de regime”, na África, no Oriente Médio e na Ásia, esses, abram o olho. O OTAN Globalcop vai pegar vocês. Com negociatas e acordos sujos, ou sem.